sexta-feira, 4 de agosto de 2017

“Articular os movimentos sociais pode ser a salvação para o Brasil”, afirma Leonardo Boff

Foi durante o 3º Interconselhos do Maranhão, realizado na última terça-feira (1º) pelo Governo do Maranhão, através da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), que o teólogo, escritor, filósofo e professor catarinense Leonardo Boff declarou que articular os movimentos sociais pode ser a salvação para o Brasil. 

Leonardo Boff, que atualmente é uma das maiores autoridades cristãs brasileiras e defensor dos movimentos sociais, tem realizado conferências em todo o mundo em favor da representatividade popular. Segundo ele, na atual conjuntura nacional, fortalecer a articulação entre os conselhos e a comunidade pode ser o início para um novo projeto de Brasil.

“Precisamos compreender que a participação popular deve ser o nosso ponto de partida. A saída para o país é articular os movimentos que tenham novos projetos, para fazer da nossa democracia um modelo verdadeiramente representativo. Discutindo e acompanhando as questões que envolvem o país, a exemplo do Uruguai”, afirma. 

Em 2003, a luta da classe operária uruguaia libertou o país da crise econômica e das reformas trabalhistas que tentavam ser impostas pelo governo. Hoje o Uruguai é um dos países economicamente mais desenvolvidos da América Latina e o segundo menos corrupto, segundo a ONG Transparência Internacional.

Citando alguns escritores, Leonardo Boff traduziu o Brasil através das palavras do sociólogo Pedro Demo, em que ele afirma que a democracia brasileira é uma verdadeira farsa. “Nossa democracia é a encenação nacional da hipocrisia refinada, repleta de leis bonitas, feitas sempre pela elite dominante, para que a ela sirva do começo até o fim”, declara. O filósofo fez, ainda, um alerta sobre deixar as decisões do país recaírem sobre o parlamento brasileiro. “Estes não estão interessados num projeto de nação, mas em garantir a natureza de sua acumulação, que é uma das maiores do mundo”, ressalta.

Sobre o encontro, Leonardo Boff parabenizou a iniciativa da gestão e manifestou entusiasmo pela administração do governador Flávio Dino. “Visitei pouco o Maranhão em relação a outros estados, mas de Dino só ouvimos os melhores elogios. Seja por suas intervenções no caso do impeachment, seja sobre como está resgatando socialmente o Estado. Sem dúvidas ele é uma liderança em quem confiamos. Torço para que surjam nomes novos como o dele, com ética e comprometimento social”, observa.

No encerramento do 3º Interconselhos do Maranhão, o filósofo voltou a defender um novo modelo de gestão e desafiou os conselheiros presentes a vencerem a própria resistência e escreverem uma nova história. “É preciso acreditar na importância dos conselhos. Os conselhos não são espaços doados, eles não fazem parte da máquina governamental. Vocês são a representação social e coletiva da sociedade civil. Já dizia Santo Agostinho: ‘A esperança caminha com duas belíssimas irmãs – A indignação e a coragem. A indignação para rejeitar coisas ruins e a coragem para mudá-las”, destaca.

Interconselhos

O Interconselhos tem como foco o diálogo e o processo de formação política dos conselhos de direito e conselhos estaduais. No primeiro encontro, realizado em 2015, foi debatido o processo de estruturação dos conselhos. No ano seguinte, a pauta foi a metodologia de atuação de cada conselho. A participação popular é o tema primordial deste terceiro encontro. Este ano o evento contou com a participação de Leonardo Boff e teve como tema ‘A participação popular frente à conjuntura nacional e regional: desafios e perspectivas’.

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