Flávio Dino
Neste 7 de setembro, alcançamos nosso 199º aniversário como nação juridicamente independente e entramos na contagem regressiva para o bicentenário nacional a ser comemorado ano que vem. A pergunta que vem à mente de qualquer verdadeiro patriota é: que Brasil queremos construir até lá? Alinho-me aos que sonham com Soberania, Democracia e Justiça Social, e com o país bem longe das ameaças absurdas que marcam o feriado nacional deste ano.
Essa agitação liberticida a que assistimos em torno deste 7 de setembro se filia a uma longa tradição no país. Em grande parte desses quase dois séculos, fomos governados por regimes autoritários. Perdurou por quase todo esse período a crença de que para “vencer a corrupção” seria necessário arregimentar “homens iluminados”. Esses seriam puros e técnicos e fariam um governo sem máculas e marcado pela resolução dos problemas. O resultado prático desse projeto, porém, sempre foi o oposto do que diziam propor. Governos autoritários ao longo da história do Brasil se mostraram incompetentes e manchados por denúncias de corrupção, como o que se vê.
O arranjo político que atualmente governa o nosso país vincula-se a essa tradição. Tanto em quartéis quanto em tribunais, um pequeno segmento resolveu se atribuir o papel de “regenerar” a política, em uma pretensa salvação nacional. Contudo, o que vimos é a multiplicação de denúncias de corrupção, como fica explícito agora na CPI do Senado. Enquanto isso, bens essenciais, especialmente os alimentos, atingem preços inacessíveis; uma enorme crise energética se estabelece sem gestão eficiente, resultando em racionamento via tarifaço; e a crise sanitária se prolonga sem um comando nacional, à mercê de um enorme esforço de Estados e Municípios.
A realidade é que Bolsonaro quer fugir desse território que comprova o fracasso de seu governo e o direciona a uma derrota eleitoral, tentando forjar uma desordem revestida de patriotismo oco, falso, que mais reflete medo. A investida abjeta de milicianizar as Instituições nasce do descrédito do poder bolsonarista. Em vez de melhorar, a situação do país entrou em terrível decadência nos últimos anos, justamente pela aplicação de medidas econômicas erradas, alinhadas a um projeto de destruição do Estado Nacional, em todas as suas dimensões, comprovado pela ausência absoluta de obras e de políticas públicas.
Apesar das trevas simbólicas e literais, não podemos desanimar. Um outro 7 de setembro é possível e vai ocorrer, com resistência e legítimo patriotismo. A data magna da nossa Pátria deve voltar a ser marca de luz e esperança. O verdadeiro patriotismo é democrático e respeita a Constituição; prega a paz e não conflitos o tempo inteiro; e é construído com livros e escolas, não com fuzis em mãos erradas. No 7 de setembro que o Brasil precisa, há união nacional para tentar derrotar definitivamente o coronavírus e vacinar a população em 2021 e 2022; existe solidariedade com os mais pobres massacrados pela inflação; e o Presidente da República emana bons sentimentos, não ódio e desespero. Com coragem, ideias claras, união e mobilização, teremos no bicentenário da Independência, em 2022, um 7 de setembro bem distinto do atual.
O verdadeiro patriotismo é o que nós defendemos na prática: constituído de gente, de direitos garantidos, da compreensão de que devemos unir a sociedade em torno de bons projetos e propósitos. Ser um verdadeiro patriota é lutar contra a alta do preço dos alimentos, preocupar-se com a justiça social, desejar a estabilidade jurídica e política ao país e, assim, fazer com que haja diálogo e entendimento, colocando como prioridade aquilo que efetivamente diz respeito à vida e à sobrevivência dos brasileiros. Isto é honrar a nossa pátria e ter autenticamente espírito cívico. E é escolhendo trilhar este caminho que reabriremos avenidas de esperança ao nosso povo, à nossa nação. O verdadeiro patriotismo resistirá. Viva o Brasil!
Nenhum comentário:
Postar um comentário