Leia postagem da jornalista e Secretária Geral do Instituto Barão de Itararé, Renata Mielli sobre a onda de anticomunismo e antijornalismo que impesta o Maranhão nesse processo eleitoral.
Jornalista Renata Mielli |
(Ver original no link ( http://renatamielli.blogspot.com.br/ )
Vendo que o candidato do Clã Sarney, Lobão Filho (PMDB), vai perder a eleição para Flávio Dino (PCdoB), a maior parte da mídia maranhense está apelando para o anticomunismo, num discurso que beira a insensatez. Já circulou bastante na internet, a entrevista que Flávio Dino concedeu ao jornal da TV Mirante (de propriedade da família Sarney), na qual o âncora do jornal pergunta se, caso eleito, Dino pretende implantar o comunismo no Maranhão. Mas isso foi fichinha.
Até para quem pensa imaginar do que a mídia é capaz, o que está sendo feito pela TV Difusora de Imperatriz (afiliada da SBT no Maranhão de propriedade da família Lobão) é escandaloso, de deixar qualquer um pasmo, pela desfaçatez e cara de pau.
A Difusora de Imperatriz veiculou no final de agosto uma série de cinco reportagens sobre o comunismo, (assista aqui a quarta) para tentar disseminar o medo e impedir a vitória de Dino, resgatando a guerra fria e o discurso que em 1989 a direita usou para derrotar Lula.
Mas se a série pode ser considerada uma abordagem “indireta”, a reportagem que foi veiculada na semana passada não é nem um pouco.
Numa peça de “jornalismo-ficcional” ou quem sabe realismo fantástico, o jornal da Difusora noticia uma agressão feita contra um grupo de evangélicos por extremistas de esquerda. Usa um trecho da série sobre o comunismo para ressaltar o perigo do fundamentalismo político e sustentar a denúncia, feita por uma fonte preservada, que diz ter sido atacada e, como introduz o jornalista “ela narra os momentos de horror e medo”.
A “vítima” relata a agressão e em seguida entra um repórter que vai narrando o ocorrido em um off, coberto por imagens de um carro aberto e depois da praia, local do atentado. As imagens não mostram nada, mas o texto do narrador vai induzindo o telespectador dizendo que na praia ainda há sinais de que crianças e adultos saíram as pressas e, que o que era para ser uma noite de busca espiritual se tornou uma noite de fuga.
Os autores da noite de terror não roubaram nada “usaram uma das principais características do comunismo, a coação”. Na praia, os “sinais” de que os evangélicos saíram correndo são uma garrafa de água e camisetas na areia. Depois, a matéria relaciona o ataque aos evangélicos à depredação da faixada do comitê de campanha de Lobão Filho, mostrando no chão cartazes rasgados. Para sustentar a denúncia, diz que as câmeras de uma lanchonete flagaram o agressor, mas a imagem que a reportagem mostra é de um homem comendo e não de vandalismo. O repórter encerra a peça de ficç... opa, reportagem, dizendo que a destruição dos cartazes é “uma demonstração de ódio e fúria, típicas de regimes antidemocráticos."
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