O
governador Flávio Dino enviou medida provisória à Assembleia
Legislativa, que estabelece o fim das terceirizações no sistema
penitenciário e a realização de processo seletivo para a contratação
temporária de 1,3 mil profissionais, para reforçar a segurança nas
unidades prisionais. O seletivo será aberto no mês de fevereiro com 800
vagas para vigilantes penitenciários e mais 500 vagas para agentes
penitenciários. O procedimento vai substituir os funcionários
terceirizados até a conclusão de concurso público.
“Este é um passo importante na gestão do sistema penitenciário do
Maranhão: substituir as terceirizações e economizar mais de R$ 20
milhões por ano. Com o dinheiro economizado, vamos avançar na
organização das unidades, investindo em segurança e no respeito à Lei de
Execuções Penais”, afirmou o governador.
O seletivo é apenas uma das ações que a gestão estadual adotará para
mudar a forma como era gerida a Secretaria de Estado da Administração
Penitenciária (Sejap), que já não é capaz de atender satisfatoriamente
os serviços que deveria prestar. De acordo com o titular da pasta,
Murilo de Oliveira, a estrutura deverá ser reformada para que possa
atuar em conformidade com a legislação vigente.
Na administração passada foram ampliadas estruturas que não possuem
respaldo institucional para a legitimidade da atuação. Essas estruturas,
em grande maioria, são operadas por contratados de empresas
terceirizadas, colocando em dúvida a atuação desses setores.
Outro grave problema detectado na estrutura da Sejap é que das 38
unidades prisionais existentes no sistema, somente dez são formalmente
constituídas. O resultado dessa informalidade acarretou em mais gastos
aos cofres públicos, uma vez que a gestão anterior decidiu conceder
diárias aos diretores dessas unidades informais como forma de
complementação salarial pelos encargos assumidos.
O contrato de nº 029/2009-SSP mantido com as empresas VTI Serviços e
Civiliza Gestão Prisional para pagamento desses funcionários corresponde
a um gasto mensal de R$ 363 mil, incorrendo em uma quantia de R$ 4,3
milhões por ano. Com a concessão das diárias para complementação
salarial, o gasto mensal é incrementado em mais R$ 250 mil, incorrendo
em R$ 3 milhões por ano somente com diárias. O gasto total alcança o
patamar de R$ 7,3 milhões por ano.
O problema instaurado com a falta de concurso público ao longo dos
anos ainda acarreta um gasto de R$ 49 milhões anuais ao sistema
prisional através do contrato nº 089/2009-SSP com a empresa VTI
Serviços. Com esse contrato, a empresa presta serviços de segurança e
disciplina dentro das unidades prisionais, disponibilizando 930
funcionários para a função de monitores de ressocialização.
Esse acordo celebrado na gestão passada tem a vigência estipulada até
o dia 30 de setembro deste ano. O documento ultrapassou os prazos
legais previstos no artigo 57 da Lei Geral de Licitações, de prorrogação
por 60 meses e depois por mais 12 meses, e não poderá ser renovado.
Legalidade e economia
O processo seletivo para a contratação temporária até a conclusão de
concurso público garantirá tanto a legalidade das funções quanto
economia aos cofres públicos. A remuneração do cargo para vigilante
penitenciário será de R$ 1,5 mil enquanto para o cargo de agente
penitenciário será de R$ 3,9 mil.
O gasto anual com os 1,3 mil profissionais totalizará R$ 42 milhões. O
valor corresponde a uma economia de quase R$ 22 milhões aos cofres
públicos ao comparar com os gastos estabelecidos na gestão anterior que
alcançam a cifra dos R$ 63 milhões. Desse montante, R$ 49,4 milhões são
gastos com os 930 terceirizados da VTI e R$ 14,4 milhões com os 472 da
empresa Atlântica.
“O seletivo é uma medida provisória até que seja concluída a etapa
total do concurso e com toda certeza, estas mudanças trarão resultados
positivos e faremos um bom trabalho com a chegada de novos
profissionais”, garantiu o secretário da Sejap, Murilo de Oliveira.
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