segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Em Nota Coletivo de Entidades Negras e Fórum Estadual de Religiões de Matriz Africana no Maranhão criticam Polícia Federal

NOTA DE REPÚDIO AO NOME "OPERAÇÃO ACARAJÉ" DA POLÍCIA FEDERAL

O Coletivo de Entidades Negras, CEN, organização nacional do Movimento Negro e  o FERMA Fórum Estadual de Religiões de Matriz Africana do Maranhão que tem, entre outros temas, a defesa das religiões de matrizes africanas, vem a público apresentar seus mais veementes protestos e repúdio à operação da Polícia Federal batizada de Operação Acarajé. Nada justifica a escolha deste nome e exigimos sua imediata alteração.

O acarajé é alimento sagrado para as pessoas que, em todo o país cultuam os Orixás. Há pouco tempo, na Bahia, o acarajé foi objeto de disputa jurídica entre o povo de santo e os evangélico-pentecostais que queriam rebatiza-lo de bolinho de Jesus para, assim, poder comercializa-lo. O povo de santo venceu a pendenga apresentando a sacralidade do alimento que é intimamente relacionado à Orixá Oya.

Nosso repúdio vem no sentido do total desrespeito religioso a um elemento sagrado do Candomblé, desrespeitando assim, de forma acintosa, toda a tradição e história dessa religião no Brasil.

Afirmamos que Orixá e o povo de santo nada tem com a roubalheira que assola o país. O que repudiamos é ver nossa religiosidade vinculada a uma operação para prender bandidos. Isso, para nós e toda nossa comunidade religiosa, é inaceitável.

Coordenação do CEN Maranhão e Coordenação do FERMA.

Um comentário:

  1. Estou indignado com esta nota. Contrariamente ao que se poderia esperar, vem evidenciar repúdio contra o uso do nome do alimento sagrado (Acarajé) pela Polícia Federal para designar ação policial voltada a resgatar também a dignidade do alimento sagrado. E que com sua ação policial moralizadora, também corrige o espúrio uso perpetrado por corruptos e bandidos. Antes esta Nota deveria repudiar o uso por bandidos e corruptos do nome do sagrado alimento para designar propina em espécie. Por que tal uso totalmente deturpa o significado da oblação (doação/pagamento em dinheiro realizada a D'us, Divindades e aos Santos) em favor do sagrado alimento. E se rebatizada a ação policial tivesse que ser feita, desde já fica por minha pessoa fica sugerido em seu lugar o nome do próprio Orixá (Operação Orixá Oya); que jamais se conformaria com tal profanação do nome de seu alimento sagrado por bandidos e corruptos. Saravá!

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