sexta-feira, 15 de março de 2019

Manuella d’Ávila recebe troféu Mulher Cidadã: “Exemplo de participação política”

Manuella e parlamentares do Rio Grande do Sul
A ex-deputada estadual e federal Manuela d’Ávila (PCdoB) voltou à Assembleia Legislativa, onde exerceu mandato até o ano passado, desta vez como homenageada com o prêmio Mulher Cidadã, concedido nesta quarta-feira (13). A honraria foi entregue também a outras seis mulheres de diferentes áreas, como parte da programação do Legislativo gaúcho em relação ao Dia da Mulher, comemorado no último dia 8.
Ela recebeu o troféu na categoria “Promoção da Participação Política da Mulher” e foi indicada pela bancada do PT na Assembleia. Ao anunciar o nome de Manuela, a cerimonialista apontou que ela “traz como marca a luta feminista”, citando sua trajetória política. Nas últimas eleições, Manuela não disputou a reeleição como deputada porque optou por concorrer ao cargo de vice-presidente na chapa composta pelo seu partido e pelo PT, ao lado de Fernando Haddad.
As homenagens foram prestadas após sessão solene que também teve como tema as mulheres e foi presidida por Zilá Breitenbach (PSDB), vice-presidente da Assembleia. As nove deputadas estaduais se pronunciaram na tribuna, assim como alguns deputados. Em suas falas, elas destacaram a luta das mulheres por igualdade e mencionarem a representatividade política feminina – mesmo que atualmente se tenha o maior número de mulheres na história do Legislativo gaúcho, elas ainda correspondem a menos de 20% do Parlamento.
A deputada Sofia Cavedon, única mulher na bancada do PT, representou o partido ao discursar sobre a trajetória de Manuela, justificando a escolha da ex-deputada para receber o prêmio. “Desde a juventude [Manuela] já mostrou seu perfil intenso de comprar muitas brigas, de aceitar desafios e não fugir deles”, colocou Sofia, lembrando da trajetória da colega de partido na militância estudantil.
Devido a sua trajetória no movimento secundarista e universitário, Manuela se tornou conhecida da população gaúcha muito jovem, sendo eleita vereadora de Porto Alegre aos 22 anos, a mais jovem da história. Em 2010, foi a deputada federal mais votada no Rio Grande do Sul, e por duas vezes concorreu à Prefeitura de Porto Alegre, “encorajando muitas mulheres a pensarem no destino da nossa cidade”, segundo Sofia.
Em 2014, optou por votar ao Estado e se elegeu deputada estadual, assumindo a cadeira em 2015, ano em que nasceu sua primeira filha, Laura. “Em 2015, tem início uma nova revolução na sua vida, a ‘revolução Laura’. E nós sabemos o quanto Manuela sofreu preconceito, mentiras e discriminação por assumir a luta das mulheres e das mães”, lembrou Sofia, fazendo referência ao nome do livro agora lançado por Manu sobre a maternidade.
Desde o nascimento de Laura, Manuela passou a levar a pequena em sessões legislativas e atividades parlamentares, levantando a bandeira da participação das mães em espaços públicos e políticos. A filha também esteve presente em alguns momentos da campanha para as eleições presidenciais de 2018.
“Ela estaria aqui com toda a certeza reeleita se não tivesse aceitado o desafio de se candidatar ao lado do professor Fernando Haddad em um momento muito difícil da política desse país, no qual foi atingida por muito ódio, muita mentira, discriminação, situações de violência, intolerância, machistas. E o objetivo não era atingir só a Manuela, mas sim as mulheres na política, a esquerda, os partidos políticos”, disse Sofia.
Ao longo de sua trajetória política, Manuela tem sido alvo de difamação e mentiras nas redes sociais, o que já se via quando ela disputou eleições municipais, mas se agravou na disputa ao governo nacional. Juntamente com os ex-colegas de Parlamento Jean Wyllys (PSOL, hoje fora do país) e Maria do Rosário (PT), ela é um dos alvos preferidos do discurso de ódio da extrema-direita. Até hoje, ainda é atacada em comentários de postagens diariamente no Twitter, Instagram e Facebook, e recentemente criou o Instituto “E se fosse você?”, focado no debate sobre fake news e redes de ódio.
Esses desafios, porém, não a impediram de seguir lutando, conforme apontou Sofia, por uma sociedade igualitária. “Se tiramos algo desse período é que nós somos maiores que isso, que o Brasil reivindica democracia, e o teu papel não terminou, ele foi extremamente relevante. E tu com a tua história mostrou para muitas mulheres que o lugar de mulher é onde ela quiser”, afirmou Sofia. A parlamentar petista foi também quem entregou o troféu para Manuela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário