quinta-feira, 7 de março de 2019

Mulheres de São Luís nas ruas dia 8 contra Reforma da Previdência, feminicídio e em defesa de direitos



São Luís também participa das comemorações e protestos relacionados ao Dia 08 de Março, Dia  Internacional da Mulher. 

A União Brasileira de Mulheres e tantas outras entidades da sociedade civil organizada convidam todos e todas para participar da atividade que acontece nessa sexta feira (08), a partir das 15:30, na Praca Joãozinho Trinta, na Beira Mar.

Thays Campos, da UBM
De acordo com Thays Campos, Presidente da UBM no Maranhão "A proposta de reforma trabalhista e a proposta de reforma da previdência indicam que as desigualdades entre homens e mulheres serão aprofundadas. Ambas desconsideram todas as desigualdades do mercado de trabalho. Precisamos nos manifestar contra tudo isso.".

Abaixo Artigo assinado por 
Thays Campos ,Presidenta Estadual da União Brasileira de Mulheres – UBM/MA e Ana Carolina BarbosaD, Diretora Estadual de Formação e Membro da Executiva Estadual da UBM/MA.

Não é sobre flores, é sobre respeito!

É sobre direitos iguais, 8 de março é sobre luta. Somos múltiplas e diversas, de todas as cores e lugares, de todas as formas, com diferentes orientações sexuais e identidades de género, profissões e ocupações. Somos tu e eu, somos nós, somos tantas e tão diversas.

A cada 8 de março celebramos a união entre as mulheres e mobilizamo-nos em defesa dos nossos direitos. Somos herdeiras das lutas feministas e das resistências operárias, de todos os tempos. Somos a soma das lutas pelo direito ao voto, ao trabalho com salário, a uma sexualidade livre e responsável, à maternidade como escolha, à habitação, à educação e saúde públicas.

Secularmente as mulheres são a base de sustentação das sociedades, nossas lutas do presente são bem fundamentadas na história. A instauração do dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher é homenagem a um dos eventos mais importantes na história, a Revolução Russa de Fevereiro de 1917 – o dia 23 de fevereiro no calendário juliano equivale ao 8 de março no calendário gregoriano. Em tal ocasião, as trabalhadoras russas tiveram um papel de vanguarda oi neste cenário que transformaram a manifestação do Dia Internacional da Mulher numa greve geral que acabou por levantar todos os trabalhadores de Petrogrado e deu início à Revolução Russa.

8 de março é sobre trabalhar muito mais e ganhar muito menos, queremos a dignidade dos trabalhos historicamente invisibilizados, explorados e negligenciados: o trabalho reprodutivo, o trabalho que mantem em ordem todas as casas, o trabalho precário e informal, o trabalho comunitário, o trabalho migrante. Queremos o fim da dupla jornada, salário igual para trabalho igual, direitos iguais na lei e na vida.

Por todo o planeta, somos as mais traficadas e as mais sacrificadas pela pobreza. Somos as vítimas da justiça machista, quando esta fundamenta as suas decisões em preconceitos, e da cultura da violação, que desacredita a nossa palavra e desvaloriza a nossa experiência, procurando atribuir-nos a responsabilidade das violências que sofremos. Somos as que vivem em alerta permanente, porque o assédio no espaço público e no local de trabalho continua. Queremos poder andar com a roupa que quisermos, sem ouvir comentários e sem ter medo de sermos estupradas. Chega de violência, Nenhuma a menos.

Queremos respeito nas famílias e que estas possam se reconfigurar tendo como cento o cuidado, o afeto e a igualdade, que nossas casas sejam seguras e que família signifique vida contra o abuso sexual, contra violência doméstica, contra os feminicídios.

Queremos respeito a nossas escolhas, lutamos pela garantia do direito ao aborto por respeito aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e à escolha de cada uma conforme suas crenças. A legalização do aborto em nosso país é um grave problema de saúde pública que precisamos enfrentar com seriedade e sem fundamentalismos se de fato buscamos a redução dos índices de mortalidade materna.

Em todo o mundo e no Brasil a crise capitalista se agrava e sua maior vítima são as mulheres e seus reflexos são a promoção da feminização da pobreza e a precarização dos nossos modos de vida.

Com o avanço do conservadorismo sobre os direitos que conquistamos amplia-se o simbolismo e representação de luta desta data. Há muito, mulheres tem construído ações pelo entendimento de que não há luta emancipatória e anticapitalista sem as lutas estruturais contra o machismo e o racismo. O capitalismo passa por uma profunda reorganização e uma crise que impacta tanto no campo econômico quanto no campo político e simbólico. O sequestro do Estado pelo Capital tem se aprofundado e precisamos barrar as reformas neoliberais.

A proposta de reforma trabalhista e a proposta de reforma da previdência indicam que as desigualdades entre homens e mulheres serão aprofundadas. Ambas desconsideram todas as desigualdades do mercado de trabalho.

O diferencial entre homens e mulheres na previdência social é o único mecanismo a reconhecer a divisão sexual do trabalho, que destina às mulheres piores salários, piores condições de trabalho e maiores responsabilidades do trabalho não remunerado, buscando pela lei sua reversão. Por isso a Reforma da previdência é um ataque aos nossos direitos

Quando há golpe, guerra, crise do capitalismo, mulheres são as primeiras a perder e neste 8 de março afirmamos que qualquer reforma da previdência ou trabalhista a ser aprovada deve ocorrer na perspectiva de garantia de mais direitos, e não de retirada dos mesmos.

Combateremos o avanço do conservadorismo em nosso país pois somos mulheres, somos donas dos nossos corpos e pensamentos. O ódio não dialoga e uma cultura de ódio vai nos fazer retroceder enquanto sociedade. Devemos nos lembrar do nosso passado, o fascismo ultraconservador exterminou o nosso passado e não precisa destruir também o nosso futuro. Não somos uma “fraquejada”, nós representamos forças poderosas de mudança que estão determinadas a impedir que o racismo, o patriarcado, o machismo e a misoginia cresçam e nos oprimam ainda mais.

Toda mulher quer respeito, isso é 8 de março, luta feminista em todos os sentidos. Um movimento verdadeiramente antineoliberal, capaz de bloquear e evidenciar todas as violências que hoje sustenta a acumulação capitalista. Somos movidas pelo desejo de revolucionar nossas vidas, traçando alianças que rompem as hierarquias patriarcais, construindo cumplicidade entre as lutas, desenvolvendo novas práticas e linguagens para a emancipação. Resistiremos, seremos livres, estamos derrubando o patriarcado desde baixo e não vamos sair das ruas, por um mundo de igualdade contra toda opressão.


Thays Campos – Presidenta Estadual da União Brasileira de Mulheres – UBM.


Ana Carolina Barbosa – Diretora Estadual de Formação e Membro da Executiva Estadual.

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