São Paulo – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal (PF) a acessar todas as informações relativas à investigação conduzida pelo Facebook sobre os perfis sociais ligados ao PSL e a gabinetes da família Bolsonaro. Isso inclui o assessor especial Tércio Arnaud Tomaz, que trabalha diretamente com o presidente da República no Palácio do Planalto.
A decisão foi divulgada hoje (15), mas foi definida na semana passada. A partir dela, os dados reunidos por aquela rede social poderão ser utilizados em dois inquéritos, o das fake news e o dos atos antidemocráticos. Ambos os inquéritos tramitam no STF sob relatoria do ministro Moraes, que deu cinco dias para o Facebook passar os dados. As investigações correm sob sigilo.
A PF pediu o acesso às informações após o Facebook remover, na quarta-feira passada (8), 88 contas e páginas ligadas ao clã Bolsonaro, a seus filhos, ao próprio presidente da República e pessoas ligadas ao PSL, partido ao qual Bolsonaro era ligado quando se elegeu. As contas fariam parte do chamado “Gabinete do Ódio”, estrutura do Palácio do Planalto usada para mensagens de difamação, para favorecer o governo Bolsonaro ou para atacar opositores. De acordo com o Facebook, as contas operavam desde as eleições de 2018.
No Palácio
Os investigadores da PF querem acesso a todos os dados da apuração realizada pela rede social ligou o assessor Tércio Arnaud Tomaz a ataques contra opositores do presidente Jair Bolsonaro. Ele foi suspenso pelo Facebook e pelo Instagram no Brasil por infração das regras de conduta nas redes sociais.
Tércio trabalha a menos de 100 metros do gabinete do presidente, no terceiro andar do Palácio do Planalto. Antes, atuou como conselheiro do vereador Carlos Bolsonaro, na Câmara do Rio. Ele é apontado como líder do “Gabinete do Ódio”, sob a supervisão direta de Carlos, o filho 02 do presidente.
Levantamento do Laboratório Forense Digital, do Atlantic Council, em parceria com o Facebook, apontou a ligação direta de Tércio com o esquema de contas falsas nas redes sociais. “Os dados mostram uma rede conectada a Bolsonaro e aliados dele, usando funcionários do governo e de deputados, dedicada a manipular informação e criar narrativas, com ataques a opositores”, explica a técnica Luiza Bandeira, pesquisadora e uma das autoras do levantamento do Facebook.
Impeachment e cassação
O PT também quer a inclusão das informações coletadas pelo Facebook nas ações movidas pela legenda no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a cassação da chapa que elegeu Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão, em 2018. A legenda acusa a campanha vencedora de abuso do poder econômico e disparos em massa de conteúdo impulsionado por empresários, inclusive com ataques à candidatura de Fernando Haddad.
A PF tem pressa na colheita das provas contidas no relatório do Facebook porque teme que o conteúdo compartilhado nas redes sociais por Tércio e outros bolsonaristas seja adulterado ou apagado. Assim como os próprios perfis dos envolvidos na promoção e distribuição de mentiras e ataques.
Redação: Fábio M. Michel
Fonte: RBA
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