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| Flávio Dino |
No artigo desta semana, Flávio Dino fala sobre uma Páscoa com mais direitos para todos.
A PÁSCOA DOS INVISÍVEIS
Durante os últimos anos, em razão da quadra de gigantescas dificuldades enfrentada pelo Brasil e pelo mundo, tenho me amparado com frequência na leitura do Salmo 91. Por exemplo, nos momentos mais angustiantes da luta contra o coronavírus, a cada dia em que me sentia sufocado, lá estavam as palavras que me davam conforto: "Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio". E eu também lia: "Se você fizer do Altíssimo o seu abrigo, do Senhor o seu refúgio, nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua tenda".
Na minha vida, nunca tive encantamento por palácios, cargos ou privilégios. O que tenho, com muito orgulho, é uma vinculação profunda ao desejo de transformar a vida do nosso povo. Procuro seguir o Sermão da Montanha, pregado por Jesus Cristo: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de Justiça, pois serão saciados".
Com essa passagem bíblica em mente, faço agora no período de Páscoa a reflexão sobre como seguir caminhando com a forte compreensão de que somos instrumentos de algo maior; não somos fins em nós mesmos. As dores dos outros também devem ser nossas e devemos lutar para eliminá-las ou reduzi-las. E jamais, por exercício de cargo algum, estaremos acima de outro ser humano. Os que tem crenças diferentes, ou que mudam quando chegam ao poder, sempre colhem o amargo fruto do desprezo e da solidão, impedidos até mesmo de sair de casa, amedrontados ou envergonhados.
Uma atuação solidária e transformadora em favor de quem mais precisa sempre vale a pena. Mesmo que as melhorias nas vidas dos mais pobres não sejam notadas por quem está no topo da pirâmide e costuma ter mais voz. Com efeito, mudar a vida dos invisibilizados, por vezes, é algo invisível, uma vez que a invisibilidade é tão absurda que as transformações, quando chegam nos seus lares, não são valoradas positivamente por alguns. Contudo, afirmo que é altamente recompensador ver centenas de escolas construídas, inclusive em remotos povoados, ou os mais de 500 novos sistemas de abastecimento de água saciando a sede de famílias humildes. E leitos de UTI espalhados em todas as regiões do Estado, pela primeira vez na história, em unidades modernas e dignas, a exemplo do Hospital da Ilha.
Eu acredito que executar ações em benefício dos mais pobres, enfermos e vulneráveis integra o verdadeiro significado da Páscoa. Faz bem a Cristo quem olha a necessidade de um irmão e não a ignora. Faz bem a Cristo quem se dedica a libertar o próximo de suas carências. Com os ensinamentos pascais do Senhor, desejo a todos uma Semana Santa guiada pela verdadeira sabedoria, pelo espírito da partilha e da comunhão, dos quais dependem dias melhores para o nosso país, em todos os lares. Feliz Páscoa!
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