quarta-feira, 18 de maio de 2022

Exposição Flores de Obaluaiê aborda rejeição e acolhimento



O Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão abriu na terça-feira, 17 de maio, a exposição “Flores de Obaluaiê”, do artista plástico Miguel Veiga. As 19 obras (pinturas e esculturas) debatem a rejeição por conta da orientação sexual, gênero e etnia. O trabalho fica em cartaz até o dia 1º de julho no Espaço de Artes Ilzé Cordeiro.

A concepção artística da mostra, com a curadoria do analista ministerial Francisco Colombo, dividida em dois ambientes, é motivada pela questão social da violência sofrida pela população LGBTQIA+ e outras minorias discriminadas por não corresponderem ao padrão social majoritário.

A exposição retrata como as minorias sexuais, muitas vezes, carregam angústias e transtornos que são resultados de agressões e discriminações ao longo da vida. Miguel Veiga usa esses bordões em títulos das suas obras como uma estratégia para dar um tom de libertação à abordagem do tema.

Um exemplo é a escultura “Armário da Eterna Purpurina”, que é a representação de um caixão com recortes de notícias dos assassinatos de pessoas LGBTQIA+. “Todas as obras foram criadas como uma metáfora da figura humana sendo dilacerada. É uma representação dessa população que vem sendo maltratada e discriminada. O sofrimento é visto como uma espetacularização em forma de notícia”, explica o artista.

17 DE MAIO

O Dia Internacional Contra a Homofobia, comemorado em 17 de maio, faz referência à data em que o termo “homossexualismo” deixou de ser aceito e utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sinônimo de doença. A terminologia discriminatória foi excluída da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) em 17 de maio de 1990.

“Essa luta abrange várias populações discriminadas. Quando eu montei essa exposição, tive que fazer uma espécie de âncora, que são bordões pejorativos como ‘fulano está dentro do armário’, ‘fulano é aquele gay dentro armário’. Então fiz essa instalação remetendo ao universo de repressão, de clausura, auto aprisionamento. Eu tive um viés mais abstrato, que vai fundamentar todo o pensamento, que é o mito de Obaluaiê, pois abarca vários aspectos do sofrimento humano como rejeição e acolhimento”, detalhou Miguel Veiga.

OBALUAIÊ

Nascido com o corpo coberto de feridas, segundo o mito iorubá, Obaluaiê (também conhecido como Omolu) é filho de Nanã e Oxalá. As chagas foram um castigo por sua mãe ter seduzido Oxalá, mesmo sabendo que ele era comprometido com Iemanjá.

Quando viu o filho recém-nascido coberto de marcas e deformações, a mãe o abandonou em uma praia. Porém, Iemanjá ouviu o choro da criança que estava sendo devorada por crustáceos e, comovida, acolheu-o como filho, cuidando da saúde dele.

Obaluaiê sobreviveu, mas com o corpo marcado por feridas e cicatrizes, causando constrangimentos e isolando-o do convívio com outros orixás. Ogum, penalizado com a situação, cobriu o corpo e o rosto dele com palhas para esconder as deformações.

Em uma festa dos orixás, Iansã notou o isolamento de Obaluaiê e fez soprar ventos fortes para saber quem se escondia por baixo das palhas, revelando as cicatrizes que tanto o entristeciam. Ela tirou o jovem para dançar e, em cada rodopio cortando o ar, as cicatrizes e feridas caíam do corpo dele, transformadas em pipocas.

Assim, Obaluaiê ficou reluzente de tanta luz e encantamento por tanta beleza. O chão ficou coberto de pipocas parecidas com flores brancas, as “Flores de Obaluaiê”.

ABERTURA

A cerimônia de abertura da exposição teve a apresentação das drag queens Adriane Bombom e Raphaella Kennya, que vão homenagear a cultura brasileira e maranhense. O evento teve ainda, as exposições de bonecas “Vestidas com Elegância”, de Beto Silva, “Acolher”, de Paulo Ribeiro, da Casa Acolher.

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