Depois de mais de 30 anos de descaso, a história do Projeto Salangô está tomando um novo rumo. Seu Roberto Barbosa, que há 34 anos mora e produz em um lote do projeto, é testemunha dessa transformação. “A gente vivia aqui abandonado, sem condição nenhuma. Criei meus filhos e tive meus netos aqui, lutando todo dia para sobreviver. Agora as coisas estão melhorando, a gente vê a mudança”.
E a mudança é real. Desde o anúncio da retomada do projeto, em abril de 2015, o trabalho não para no projeto Salangô. Em audiência pública realizada em São Mateus, o secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca, Márcio Honaiser, apresentou os primeiros resultados da revitalização do perímetro irrigado.
O centro administrativo foi reformado, a estação de bombeamento recuperada, com aquisição de sistema elétrico mais moderno, transformadores e bombas submersíveis passaram por manutenção, o canal principal e os secundários também passaram por melhorias, além da abertura de sistema de drenagem e estradas de acesso. Para o secretário Márcio Honaiser, a população precisa acompanhar que o compromisso firmado pelo Governo do Estado está sendo cumprido.
“Nós fizemos questão de fazer uma audiência pública para prestar contas do que está sendo feito de investimentos. O próximo passo é ampliar os trabalhos para até o meio do ano que vem toda a infraestrutura necessária prometida pelo governador Flávio Dino esteja concluída, com o empenho de várias secretarias e do vice-governador, Carlos Brandão. Chegaremos ao final dessa grande novela que foi o projeto Salangô com uma área em plena produção”, disse.
Hoje, no projeto Salangô, os agricultores plantam melancia, melão, milho verde, maracujá, maxixe e quiabo, além do arroz. Em 2017, com assistência técnica, a ser executada em parceria com a Agência Estadual de Pesquisa e Extensão Rural (Agerp) e capacitação, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), será possível produzir ainda mais. “Vamos começar já esse ano colocando não só arroz, que é a vocação da área no período das chuvas, como também com hortifrutis, durante o verão, com irrigação, que tem uma rentabilidade muito maior para os produtores”, explica Márcio Honaiser.
Ainda no próximo ano, cada agricultor receberá o incentivo do governo, com kit de irrigação para um hectare dos quatro a que cada um terá direito, após a finalização do processo de regularização fundiária no perímetro, que está a cargo do Instituto de Terras e Colonização do Maranhão (Iterma), que vem discutindo o processo com as associações de assentados. “Sabemos que o sonho de cada agricultor aqui é ter o título da sua terra, para trabalhar e buscar recursos. Nosso objetivo é garantir que cada um tenha seu lote, dentro do que diz a lei”, explica a presidente do Itema, Margareth Teixeira Mendes.
Para Francisco Oliveira, agricultor do projeto, esse é momento de governo, produtores e instituições parcerias se unirem por um objetivo comum. “Eu estou aqui desde o começo do projeto, ninguém conhece ele melhor do que eu. Cheguei criança e hoje tenho mais de 60 anos. Depois de tanto tempo como desvalidos aqui, agora a gente vê que o governo quer e se depender de nós, dá para melhorar. O governador está dando a mão para nós e nós vamos a dar mãos para ele também”, concluiu.
INFORMAÇÕES GERAIS
- Localização: 18 km da sede do município de São Mateus, margem direita do Rio Mearim.
- Área do projeto: 3.630ha
HISTÓRICO
Concebido no início da década 90
- 4 convênios com a União - repassados para o Estado R$ 62.567.052,50. Implantada infraestrutura de uso comum: estrada, canais, drenos, pontilhões, estações de bombeamento, rede elétrica, subestações e obras de arte.
- O projeto não foi concluído, faltando instalação dos equipamentos de aspersão e de micro aspersão, armazenados nos galpões.
Concepção inicial do projeto
Implantação de lotes parcelares para agricultores:
- 141 lotes (4ha) - sistema de irrigação por inundação / agricultores familiares;
- 31 lotes (4ha) - sistema de irrigação por micro aspersão / agricultores familiares;
- 91 lotes (8ha) - sistema de irrigação por aspersão convencional / técnicos da área agronômica;
- 30 lotes (34ha) - sistema de irrigação por micro aspersão / agricultores empresariais.
Planejado para ser o maior projeto de irrigação do Estado do Maranhão e um dos maiores do país, o Salangô ainda no início de sua construção, foi tomado pela corrupção e desvios de recursos. Dados colhidos pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério Público e pela Corregedoria Geral do Estado mostraram que o rombo chegou à quantia de quase R$ 70 milhões de reais, valor liberado para o projeto.
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