O Sindicato dos Professores das Universidades Federais do Maranhão (SINDUFMA) emitiu Nota sobre o momento que o Brasil vive.
Na Nota o Sindicato se posiciona contra os ataques a direitos com as reformas trabalhista e também a previdenciária, a retirada de recursos para áreas como Educação e Saúde a partir da aprovação da PEC 55.
O Sindicato convoca trabalhadores e trabalhadoras para paralisar as atividades docentes das Universidades Federais no Maranhão a partir do próximo dia 5 de Dezembro.
O Sindicato convoca trabalhadores e trabalhadoras para paralisar as atividades docentes das Universidades Federais no Maranhão a partir do próximo dia 5 de Dezembro.
Abaixo a íntegra da Nota:
Em defesa da
ciência e da educação
Não à aprovação da
PEC 55!
Retirada imediata
das reformas trabalhista e previdenciária!
Não aos cortes de
verbas para ciência e educação!
Volta MCTI!
Abaixo a MP da reforma
do ensino médio!
O país vive uma grave situação, com
ameaças de retrocesso em diversas áreas. Medidas já em tramitação, como as reformas
previdenciária e trabalhista, afrontam o país ao promover a liquidação de conquistas
e direitos históricos – muitos deles inscritos com suor e luta na Constituição de
1988.
Outras medidas apontam para a
asfixia dos investimentos em áreas de grande importância para o desenvolvimento
nacional. É o caso da Proposta de Emenda Constitucional 55, aprovada na Câmara
dos Deputados e agora em tramitação no Senado. Sob o pretexto de sanear as
finanças do Estado, a PEC estabelece um teto para os gastos públicos, que não
poderão ter crescimento real (além da inflação) pelos próximos vinte anos! O
teto, porém, só existirá para as chamadas despesas primárias, ou seja, não
incluirá o pagamento de juros da dívida pública, que consome metade do
orçamento geral da União.
Em
face das carências históricas em áreas como saúde e educação, e considerando
que a demanda por serviços públicos só fará crescer ao longo dos próximos anos,
a PEC 55 representa um imenso retrocesso. Estudos recém-divulgados provam que, uma
vez aprovada, a medida levará os investimentos em educação de volta aos níveis verificados
nos anos 1990.
O
corte de investimentos em áreas como educação, ciência e tecnologia representa
grave equívoco quando se trata de enfrentar a crise econômica que se abate
sobre nosso país e o mundo. Estados Unidos, China, Índia e nações europeias
multiplicam investimentos em educação e ciência como forma de enfrentar a
crise, pois sabem que impulsionar o conhecimento e a inovação é a melhor
maneira de gerar renda e riqueza, promover eficiência na utilização de recursos
e alcançar políticas sociais e ambientais mais justas e eficazes.
Ademais,
não é possível fechar os olhos para o fato de que, em nosso país, diversas
categorias e funções públicas – em especial juízes, procuradores e parlamentares
– recebem salários e regalias que chegam a ultrapassar várias vezes o teto do funcionalismo
público. No mesmo sentido, um dispositivo como o imposto sobre heranças e
grandes fortunas, previsto na Constituição de 1988, jamais foi regulamentado.
Nosso sistema tributário é profundamente injusto e regressivo: onera o pequeno
contribuinte ao passo que absolve as camadas mais ricas da sociedade. Em face de
todas essas assimetrias salariais e tributárias, causa profundo estranhamento que,
em momentos de crise, áreas como educação, saúde, ciência e tecnologia sejam
sempre as primeiras a sofrer cortes!
É
necessário destacar ainda que a redução de investimentos e a ofensiva
institucional contra áreas estratégicas não esperam a aprovação da PEC 55 para
acontecer. O orçamento das universidades federais vem sofrendo seguidos
contingenciamentos. Importantes programas acadêmicos, alguns relacionados à assistência
estudantil, outros à pesquisa e à extensão, já vêm sendo reduzidos ou extintos.
Bolsas de iniciação científica e de iniciação à docência foram cortadas. O
programa Ciência sem Fronteiras foi desfigurado. Essas medidas têm seu vértice
na extinção do MCTI, que desde o pacto da redemocratização vinha transformando
ciência, tecnologia e inovação em políticas de Estado.
No
ensino médio o governo tenta promover, por meio da Medida Provisória 746/2016,
a especialização precoce da formação em nível básico. Na contramão dessa
tendência, é necessário perseguir o equilíbrio entre formação técnica e
propedêutica, que deve existir mesmo nos primeiros anos do ensino superior. Os
currículos devem aliar à profissionalização uma formação de sentido humanista e
cidadão. A obrigatoriedade de disciplinas como filosofia e sociologia é essencial
para o desenvolvimento de um sentido crítico em relação aos problemas da
sociedade e da existência humana.
Em
vez de tentar reformular todo o ensino médio por meio de medida provisória, sem
qualquer debate com a sociedade, o governo deveria ter como prioridade o
cumprimento dos dispositivos do Plano Nacional de Educação – este sim um diploma
legal aprovado no Congresso Nacional após ampla consulta à sociedade. É preciso
garantir os recursos necessários à execução das metas do Plano.
Ciente da gravidade da situação, mas
atento à necessidade de ouvir suas bases, o SindUfma promoveu, ao longo dos
últimos dez dias, ampla consulta virtual à comunidade docente. Dela
participaram 221 docentes. A ampla maioria (115) votou pela realização de
mobilizações e paralisação; outros 48 docentes votaram a favor da greve, e 58
se posicionaram contra a greve. Na compreensão do SindUfma, a maioria dos
participantes entende que algo precisa ser feito para barrar a PEC 55 e as
contrarreformas em curso no país.
Em
sintonia com essa posição, o SindUfma, reunido em assembleia geral, delibera pela
paralisação das atividades docentes a
partir do próximo dia 5 (segunda-feira). Ao longo da paralisação,
permaneceremos em estado de mobilização até a vitória na votação contra a PEC
55. Uma nova assembleia do Sindicato, com o objetivo de avaliar as
mobilizações, será realizada no dia 14 de dezembro.
Conclamamos
os funcionários técnico-administrativos e os estudantes da UFMA – em especial
aqueles que protagonizam ocupações – a se unirem a nós nas mobilizações contra
medidas que pretendem retirar do Estado o papel de agente indutor do desenvolvimento
em áreas como educação, ciência e tecnologia, saúde e infraestrutura, entre
outras. É preciso dizer em alto e bom tom: não foi este o programa aprovado nas
eleições de 2014! Medidas como a PEC 55 jamais seriam implementadas com o
respaldo das urnas!
São Luís, 30 de novembro de 2016.
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