segunda-feira, 20 de novembro de 2017

11ª FeliS encerra com balanço positivo e público de 230 mil visitantes

Estudantes lotaram a FELIS
Dez dias dedicados ao fortalecimento da tradição literária e cultural da capital maranhense, a 11ª Feira do Livro de São Luís (FeliS), promovida pela Prefeitura de São Luís com o apoio do Governo do Estado, encerrou neste domingo (19) com saldo positivo nas vendas de livros e no número de visitantes. Segundo os organizadores passaram pelos espaço do evento e participaram da programação cerca de 230 mil pessoas. A FeliS teve como correalizador o Sesc.

"Considero que a 11ª Feira do Livro de São Luís teve bastante êxito, com a participação maciça da população e, de uma vez por todas, se consagra como o principal evento literário da capital maranhense e do Estado. Hoje estamos comemorando mais uma vitória e queremos agradecer a todos que vieram participar da programação. O diferencial desta edição foi a temática. Escolhemos uma abordagem muito atual sobre a valorização da produção literária da mulher negra e a luta contra o racismo e feminicídio, representado pela figura da maranhense Maria Firmina dos Reis", destacou o secretário municipal de Cultura, Marlon Botão, secretário municipal de Cultura.

A FeliS, que teve volume de livros comercializados em torno de R$ 1,2 milhão, recebeu 125 escolas da rede estadual e 107 escolas da rede municipal, em um total de 10 mil estudantes que visitaram a Feira e foram beneficiados com o Vale-Livro de estímulo ao consumo literário, distribuídos pelo Governo em R$ 300 mil em créditos para aquisição de livros pelos alunos.

Passaram pela 11ª FeliS 190 especialistas envolvidos em 47 mesas redondas, palestras e rodas de conversa, além de 23 convidados nacionais. No total, a Feira teve oito conferências, 11 Cafés Literários, 46 programações culturais, entre shows, orquestra, saraus musicais, performances, atividades circenses e intervenções, 263 contações de histórias, 26 oficinas e minicursos, seis rodas de leitura, 32 jogos literários, 60 lançamentos de livros (45 de escritores maranhenses), 19 exibições de filmes, 107 atividades de leitura, entre rodas, conversa com escritores e sorteio de livro, três exposições ("Maria Firmina dos Reis, uma maranhense"; "Cais da Sagração - Josué Montello" e "Oficina Afro") e 15 apresentações culturais de alunos da rede pública.

Foram 193 pessoas envolvidas diretamente na organização do evento, entre monitores, equipes da Prefeitura de São Luís (Secult, Semed, Semurh, Semusc, Semosp e SMTT), do Governo do Maranhão (Sectur, Seduc, Secti, Seejuv, Seir, Semu, Sedes e Sedihpop), do Sesc (correalizador), da Vale e da Potiguar (patrocinadores), da Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema), da Rede de Bibliotecas Comunitárias "Ilha Literária", da Academia Maranhense de Letras (AML), da Academia Ludovicense de Letras (ALL), das Universidades Federal e Estadual do Maranhão (UFMA e Uema), da Associação dos Livreiros do Maranhão (Alem), da Fapema, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) e da Rede de Educadores em Museus.

O Espaço infantil Sesc/Semed de Leituras era dividido em quatro estandes de atividades, sendo atendidos pelo Sesc 1.200 crianças, e pela Semed 2.700 crianças do ensino fundamental e 1.500 da educação infantil, com jogos e playground, contações de histórias, leitura livre, hora do conto, oficina de pintura de rosto, desenho livre, desfile de fantasias e dobraduras. Em todas as palestras, shows e conferências tiveram a presença de intérpretes de Libras, reforçando o caráter inclusivo da Feira. O Planetário da Secti foi um dos lugares mais visitados. O espaço recebeu 2.700 pessoas ao longo dos 10 dias.

A técnica em cultura do Sesc, Bethânia Pinheiro, ressaltou que a parceria vem dando certo desde a primeira edição da FeliS e representa muito para o serviço que a instituição desenvolve no trabalho social e educacional. "Fazer um evento como este não é fácil, planejamos todos os dias para que o público saísse satisfeito e tudo que fazemos é para eles, porque sem público não existe Feira. O tema deste ano foi muito enriquecedor e colocou no centro, para que todos conhecessem esta importante mulher que foi Maria Firmina dos Reis", completou.

"Agradecemos mais esta parceria exitosa entre a Prefeitura e o Governo do Estado e queremos reforçar que para o Governo foi muito significativo, extremamente agregador e de aprendizado. Estamos mais felizes ainda pelo evento ter valorizado os escritores maranhenses e damos destaque para o Vale-Livro, que foi muito positivo, movimentando a venda de livros e a participação dos estudantes", disse a secretária adjunta de Ensino da Seduc, Nádia Dutra.

ENCERRAMENTO

O encerramento contou com a conferência do romancista, roteirista e poeta, Paulo Lins (RJ). O escritor falou sobre o tema "A Cultura Negra" e a palestra foi mediada pelo secretário estadual de direitos humanos e participação popular (Sedihpop), Francisco Gonçalves. "Cultura e arte são as coisas mais importantes. Vivemos em um país miscigenado, só podemos evoluir se compreendermos que a igualdade deve estar presente em todos os aspectos. O negro deveria estar no país pelo trabalho, porque foram em eles que construíram o Brasil em 400 anos de escravidão, porém o negro só ganhou destaque através da cultura", enfatizou Paulo Lins.

O autor lançou, em 1997, o livro 'Cidade de Deus', sobre a vida nas favelas do Rio de Janeiro. Após 14 anos de trabalho intermitente, em 2012 ele lançou seu segundo romance, "Desde que o Samba é Samba", que recria ficcionalmente a invenção do samba por músicos do bairro carioca da Estácio na década de 1920. Paulo começou como poeta nos anos 1980 como integrante do grupo Cooperativa de Poetas, por onde publicou seu primeiro livro de poesia: 'Sobre o sol' (UFRJ, 1986). Graduado no curso de Letras foi contemplado em 1995 com a Bolsa Vitae de Literatura.

Em 2002, o diretor Fernando Meirelles produziu o filme 'Cidade de Deus'. Após, fez roteiros para alguns episódios de 'Cidade dos Homens', da TV Globo, e o roteiro do filme 'Quase dois irmãos', de 2004, de Lúcia Murat, que recebeu o prêmio de melhor roteiro da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2005. Mais recentemente, Paulo Lins trabalhou com René Sampaio, no roteiro de mais um longa-metragem, adaptação cinematográfica da letra da canção de Renato Russo, 'Faroeste Caboclo'.

Criada pela Lei Municipal, nº 4. 449/2005, a Feira do Livro de São Luís é uma ferramenta de fortalecimento da vocação e produção literária maranhense. A noite de encerramento também contou com agradecimentos da organização, representados na oportunidade pelo secretário municipal de Cultura Marlon Botão, a secretária adjunta de Ensino da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) Nádia Dutra e a técnica em Cultura do Sesc, Bethânia Pinheiro. Também teve uma homenagem do cordelista Moisés Nobre, que declamou um cordel sobre a Feira do Livro de São Luís.

FORMAÇÃO DE NOVOS LEITORES

O último dia foi marcado por muitas atividades de fomento ao livro, estímulo na formação de novos leitores e incentivo às cadeias produtivas em torno do livro e da mediação da leitura. Pela manhã, na Casa do Maranhão, o Auditório 1 (Raimunda Pereira) fez exposições e entretenimento das Secretarias de Estado da Juventude, Igualdade Racial e da Mulher. A tarde, o espaço recebeu uma performance com as alunas Cris Mello e Nataly Ferreira (C.E General Arthur Carvalho).

No Odylo Costa, filho o Teatro Alcione Nazaré recebeu o espetáculo 'Os Saltimbancos', com a Cia Cambalhotas, como marco de abertura do Festival Maranhense de Teatro Estudantil. No Café Literário, a Escola de Música Lilah Lisboa realizou mais um sarau musical "Brilhando no café: Maria Firmina em verso e prosa" e teve uma edição do projeto Literatura Mútua com a escritora Déa Alhadeff, mediado por Talita Guimarães. E na Casa do Escritor Maranhense (Cine Praia Grande), teve os lançamentos dos livros: "Música para afogamentos", de Arnaldo Vieira, "Alto de Pinho e Anil - Parceiros inesperáveis e o segredo da família Gonzaga", de Jorge Fernandes, e "Viagem pela Ilha Upaon-Açu e Além Mares", de Irandi Marques Leite.

O Laborarte fez contação de histórias no Anfiteatro Beto Bittencourt. Ainda como programação infantil, o Espaço Viriato Corrêa (Casa do Maranhão) recebeu atividades coordenadas pela Secretaria Municipal de Educação (Semed - Carro Biblioteca), com cantigas de roda, jogos e brincadeiras lúdicas, oficina de mandalas, pintura de rosto e hora do conto de 'João: O Menino Cantador' (Andréa Oliveira) e 'A História do Livro' (Fábio Crejoinas). No Espaço Infantil Sesc/Semed de Leituras teve Contação de História com Coteatro e com a Cia do Imaginário, além da programação permanente do espaço de música, dramatizações, dança, pintura de rosto, oficinas, dobraduras, apresentações de projetos das escolas públicas municipais de São Luís, apresentações artísticas, brincadeiras e jogos educativos. Para alegria da criançada, o Papai Noel visitou o espaço e conversou com os pequenos.

Como intervenções artísticas, o grupo Tapete Criações Cênicas passeou entre o público com "Palavras viajantes" e o Circo tá na Rua apresentou "Voadores". O palco FeliS também recebeu o encerramento do cortejo dos Blocos Tradicionais "Coqueiro da Ilha" e "Os Guardiões".

O evento encerrou sem nenhuma ocorrência e o Corpo de Bombeiros atendeu três pessoas em primeiros socorros. Para tanto, foi disponibilizado um quantitativo de segurança especial, com uma viatura e 15 policiais militares, 7 homens da Companhia de Polícia Militar de Turismo rondando a Feira todos os dias, sendo que este quantitativo dobrava nas sextas-feiras quando o movimento no Centro Histórico é mais intenso. Também contou com 32 homens da Guarda Municipal, 30 homens da segurança privada e 20 brigadistas do Corpo de Bombeiro Civil do Maranhão.

Ao todo, a estrutura foi composta por 22 espaços com programação, sendo 34 estandes de livreiros para comercialização de livros de todas as editoras nacionais, seis estandes de instituições parceiras (AML, ALL, IHGE, Uema, Fapema e UFMA), 10 espaços para sebos no Beco dos Catraieiros, três auditórios, montados na Casa do Maranhão para debates e conferências com programação simultânea (Auditório I - Raimunda Pereira (Dica), Auditório II - Úrsula e Auditório III - Cantos a Beira Mar), Espaço Viriato Corrêa e Espaço Criança Sesc/Semed de Leituras, com programação de teatro, contação de histórias e atividades infantis, Pé de Livro, Anfiteatro Beto Bittencourt, Casa do Escritor Maranhense e Espaço Multimídia (Cine Praia Grande), Teatro Alcione Nazaré, Café Literário, Galeria Nauro Machado e Galeria Valdelino Cécio (Odylo Costa, filho), Espaço do Artesão e Espaço Gourmet.

Dentro da Casa do Maranhão estava montado o Comitê Maranhão Ação da Cidadania, com arrecadação de alimentos para o Natal sem Fome, Espaço Funac, Planetário Secti, Oficina de Comunicação e Arte (OCA) do Turismo Sustentável. Na parte externa ficou a área de expositores para editoras parceiras. A Feira funcionou das 10h às 22h, com programação toda gratuita, contemplando todas as idades e envolveu a participação direta de escritores renomados, ilustradores, mediadores da leitura e contadores de histórias, artistas, entre outros convidados. Entre os nomes que integraram a programação estão a poetisa, jornalista, atriz e cantora Elisa Lucinda; e a cantora e rapper Negra Li. Além disso, estarão presentes: Eduardo Assis Duarte (MG), Luiza Lobo (RJ), Rafael Balseiro Zin (SP), Jhow Carvalho (SP), Algemira de Macedo Mendes (PI), Nilma Lino Gomes (MG), Cristina Delou (RJ), Paulo Lins (RJ), Bruno Ramos da Silva (SP), Isabel Mayer (SP), Ana Maria Gonçalves (SP), Mauricio Pestana (SP), Marcia Evelin de Carvalho (PI), Rosane da Silva Borges (SP), Silvana Cristina de Oliveira Niemczewski (SC), Mel Amaro Duarte (SP), Luciana Aline Aparecida Ribeiro (SP), Renata Costa, Elaine Pinheiro, Guilherme Relvas (MinC) e Gustavo Lacombe (RJ).

PATRONA

Este ano, a Feira homenageou a escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, primeira escritora negra do Brasil e primeira autora de romance abolicionista em toda a língua portuguesa, que este ano completa 100 anos de falecimento. O tema foi "Maria Firmina dos Reis e a Literatura Feminina" e a programação teve debates com foco no protagonismo feminino, mulheres, gênero, aspectos étnicos raciais, identidade racial e juventude.

A patrona ganhou notoriedade por sua ousadia, originalidade e pioneirismo no cenário literário nacional destacando-se como contista, folclorista, poetisa, abolicionista, compositora e primeira romancista brasileira. Sua obra abordou temas complexos para o contexto social em que viveu, subvertendo uma ordem imposta que segregava a mulher, em que a literatura era dominada por homens, e marcou em seus escritos a postura antiescravagista. Sua trajetória de vida transcende o próprio percurso histórico, configurando-se até hoje, uma personalidade literária que enaltece o gênero feminino. Publicou 'Úrsula' em 1859, primeiro romance abolicionista e primeiro escrito por uma mulher negra brasileira. O romance a consagrou como escritora e também foi o primeiro romance da literatura afro-brasileira, entendida esta como produção de autoria afrodescendente. Em 1887, no auge da campanha abolicionista, a escritora publica o livro 'A Escrava', reforçando sua postura antiescravista.

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