quarta-feira, 6 de junho de 2018

Centrais sindicais unidas enfrentam golpe do capital contra o trabalho com Agenda de mobilização nacional

Lançamento da Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora
nesta quarta-feira em São Paulo
Por Railídia Carvalho

A unidade das centrais sindicais brasileiras promoveu em 2017 dois dos maiores atos de resistência contra o golpe que colocou Michel Temer na presidencia da República: a greve geral de 28 de abril e a Marcha da Classe Trabalhadora, em maio. Nesta quarta-feira (22), em São Paulo, sete centrais lançaram documento com 22 propostas para combater o desmonte de Temere e foi aprovado o dia 10 de agosto como data da próxima paralisação nacional dos trabalhadores.
O documento “Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora – Democracia, soberania e desenvolvimento com Justiça Social: Trabalho e Emprego” foi lançado no Sindicato dos Químicos, na capital paulista, diante de uma plenária que reuniu cerca de 500 sindicalistas de todos os estados brasileiros. 

Nas próximas semanas o documento será entregue aos pré-candidatos à presidência da República e aos deputados e senadores. A coordenação técnica da Agenda foi orientada pelo Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).

As propostas abordam ações de curto prazo para combater o desemprego, a defesa das empresas públicas brasileiras, como Petrobras e Eletrobras, e revogação da reforma trabalhista e da Emenda Constitucional 95 (do congelamento dos gastos para saúde e educação). O agravamento dos efeitos do golpe de 2016 e a proximidade das eleições criaram o ambiente para a concretização da nova agenda dos trabalhadores, que em 2010 continha 150 propostas.

Diálogo com trabalhador e população em geral
Os sindicalistas apostam na popularização do conteúdo da Agenda Prioritária no “chão de fábrica”, feiras, terminais de ônibus. “Senão vira retórica sindical”, disse ao Portal Vermelho Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “Estamos apresentando propostas de combate ao desemprego de curtíssimo prazo e mudanças estruturais para o próximo governo. As eleições são um momento importante para a classe trabalhadora dar um basta”, completou.

Para Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), “o documento dá um recado e concretiza que a gente possa se levantar e dialogar mais com o trabalhador, com o nosso povo e receber uma energia, um feedback que a sociedade está reclamando”. “O golpe do capital contra o trabalho foi para reduzir o custo da mão-de-obra para encher as burras de dinheiro dos banqueiros, latifundiários e grupos econômicos. A classe trabalhadora não vai pagar essa conta”, disse o dirigente ao Portal Vermelho.

Miguel Torres, presidente em exercício da Força Sindical, afirmou que a iniciativa demonstra mais uma vez a unidade das centrais em defesa dos trabalhadores. “Temos uma pauta unificada para atender os trabalhadores e trabalhadoras e a população em geral neste momento de desmonte, ataque de direitos e falta de esperança entre o povo em geral e a juventude. É um documento muito bem elaborado para dialogar com as bases”, resumiu ao Portal Vermelho.

Consciência do golpe entre a população
A greve nacional dos caminhoneiros e petroleiros, a greve dos rodoviários no Amazonas e a greve dos professores em São Paulo são alguns dos protestos que marcaram o mês de maio e início de junho. As primeiras motivadas pela política de ajuste de preços e de denúncia da privatização da Petrobras e as demais em defesa dos direitos das convenções coletivas sob ataque da reforma trabalhista.

Na opinião de Adilson, esses protestos começam a abrir os olhos da população.”O trabalhador, o Brasil começa a enxergar. Eu não tenho dúvida que vai se levantar e esses escândalos vão dando a dimensão do tamanho do estrago desse governo entreguista. A soma dessas coisas ajudarão em uma melhor compreensão do povo sobre os rumos da política”.

Adilson lembrou os quase 30 milhões de trabalhadores subocupados. “Grande parte não dispõe de condições de comprar um botijão de gás. Um milhão e duzentos mil domicílios estão nessa situação. Em um momento que o Brasil caminhava para a autossuficiência em petróleo o governo golpista põe à venda refinaria, entrega distribuidora e em vez da bandeirinha verde amarela aumentam as bandeiras da Shell. Nenhum país desenvolvido abriu mão da soberania e das reservas minerais como este governo está fazendo”, enfatizou o presidente da CTB.

De acordo com o dirigente, a Agenda Prioritaria é uma alternativa ao descrédito construído pelas medidas do governo Temer. “Acho que conseguimos filtrar o que é estratégico neste momento que é defender soberania, democracia, direitos da classe trabalhadora, reforma tributária progressiva e mais investimento na produção”. 

Adilson questiona como um país que caminha para a desindustrialização consegue ser competitivo. “Retrocesso é ficar trazendo tudo de fora, até mesmo mão-de-obra. A nossa proposta prioritária é que a geração de mão-de-obra seja feita aqui para que esses empregos sejam ofertados aos brasileiros”.

O documento é assinado pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Intersindical e União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Confira no anexo os 22 pontos da Agenda Prioritária. 


Acesse no link abaixo:

Download Agenda Prioritária da classe trabalhadora 2018

Fonte: Portal Vermelho

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