Aldo Arantes |
Nos últimos dias, com a elevação da temperatura política, surgiram importantes iniciativas para a defesa da democracia. Um largo espectro de personalidades e movimentos políticos, sociais e representativos da sociedade tem se pronunciando, em manifestos, nas redes sociais, entrevistas e artigos. É uma resposta importante ao recrudescimento da ofensiva autoritária do bolsonarismo.
Essas tomadas de posição são de grande relevância porque demonstram o vigor das ideias pró-democracia e o repúdio às declaradas intenções de Bolsonaro e seus seguidores de romper com a institucionalidade democrática do país. À medida em que os propósitos bolsonaristas vão avançando, de maneira cada vez mais ousada, fica evidente que eles não devem ser subestimados.
A ousadia desse fim de semana chegou ao ponto de haver um desfile de tochas em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de sábado, uma petulante imitação de grupos criminosos de extrema direita, como a Ku Klux Klan norte-americana e as hordas nazifascistas das décadas de 1930 e 1940. No domingo, Bolsonaro prestigiou e animou seus seguidores em Brasília, apoiando bandeiras explicitamente atentatórias ao Estado Democrático de Direito.
Houve, também, manifestações de rua, associadas a torcidas organizadas de times de futebol, sob a bandeira da democracia.
No âmbito do Congresso Nacional, se intensificam os movimentos para se criar uma frente ampla democrática, envolvendo a esquerda, a centro-direita e setores da direita, tendo a defesa da vida e da democracia como bandeiras aglutinadoras, e o bolnonarismo golpista como adversário a ser isolado e derrotado.
Essa tendência se reveste de importância também por conta do avanço da pandemia de coronavírus, que reclama medidas emergenciais tanto no aspecto da saúde quanto da economia.
Os governadores e prefeitos, que têm procurado seguir as recomendações de isolamento social, continuam sofrendo ataques sistemáticos de Bolsonaro e seus seguidores. Esse é mais um aspecto que precisa ser entendido como fundamental na defesa da vida e da economia nacional. A tendência é de agravamento das crises sanitária, econômica e social, o que exige ações que deem consequência à frente de salvação nacional.
Neste contexto — a democracia em perigo — é extremamente nocivo concepções e práticas sectárias que atuam para travar a amplitude da frente. Essas concepções, por um lado, subestimam a sanha golpista de Bolsonaro, por outro, buscam subordinar a causa democrática e nacional a interesses menores, particulares. Também é preciso ter cautela quanto a radicalizações precipitadas, justamente quando a frente ampla de salvação nacional começa a ganhar vida.
Fonte: Portal Grabóis
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