quarta-feira, 19 de maio de 2021
FENAJ lança e-book “O impacto das plataformas digitais no jornalismo”
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) lança, nesta terça-feira, dia 18 de maio, o e-book “O impacto das plataformas digitais no Jornalismo”. Fruto do trabalho de jornalistas e pesquisadores de diferentes áreas, com o apoio da Fundação Friedrich Ebert, a publicação reúne artigos que tratam do impacto político, econômico e cultural das mega corporações mundiais da internet no ecossistema jornalístico brasileiro, notadamente, das plataformas digitais de negócios e de redes sociais.
O livro tem o objetivo de traçar, de forma interdisciplinar, ao longo de sete capítulos, o retrato de como a internet está estruturada no país, seu impacto na contemporaneidade, as consequências da sua presença na sociedade e, especialmente, seu reflexo no jornalismo. A organização é do diretor de Relações Institucionais da FENAJ, José Augusto Camargo.
Apesar da promessa inicial de ser um espaço de liberdade de opinião, a internet acabou dominada por corporações como Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft. “Estes grupos, que não são por si mesmos produtores de conteúdo, mas sim intermediadores e distribuidores da produção de terceiros, paradoxalmente limitam o alcance e a qualidade da informação consumida pela maioria das pessoas na rede mundial de computadores. Um dos resultados desta contradição é o enfraquecimento da imprensa escrita”, alerta a publicação.
“Com a emergência das redes sociais na internet, o mercado publicitário vem transferindo seus investimentos da mídia impressa para a mídia digital. Isto causou uma crise no modelo de financiamento da imprensa tradicional. Os jornais e as revistas vêm, ano a ano, perdendo espaço publicitário (…). As empresas de jornais estão fechando, diminuindo suas tiragens, diminuindo o número de trabalhadores, alguns acabam encerrando as edições impressas e ficando exclusivamente com edições na internet E isto tudo tem impactado, inicialmente, o mercado de trabalho dos jornalistas, segundo, a saúde financeira das empresas, terceiro, tem uma consequência na própria organização da sociedade brasileira porque a informação veiculada pela internet, não apresenta, no geral, a mesma qualidade daquela que era veiculada na imprensa escrita. A imprensa digital carece do trabalho de edição criterioso, de seleção, da apuração, que é a essência do trabalho do jornalista profissional”, comenta o organizador da publicação.
No final do e-book, o leitor tomará contato com o projeto proposto pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) – e encampado pela FENAJ – de taxar as grandes plataformas digitais, visando a constituição de um fundo para fortalecimento do jornalismo e pela valorização das e dos jornalistas. Ambas as propostas estão em estudo pela FENAJ que, em meados de 2020, formou um Grupo de Trabalho (GT) para tratar da questão.
Para a presidente da FENAJ, Maria José Braga, é papel do poder público (Estado) garantir ao cidadão informação jornalística de qualidade. “É a informação de qualidade que produz exercício da cidadania. Então, o financiamento público para a produção jornalística é essencial. Ele precisa ser transparente. E é isso o que a FENAJ vem propondo com esse projeto de criação de um fundo para apoio e fomento do jornalismo”, pontua.
“Google e Facebook ampliaram seus programas de suporte e custeio a novos projetos jornalísticos, mas a grande questão é se tais iniciativas pontuais são capazes de resolver problemas estruturais causados pela ação predatória das plataformas sobre o jornalismo e sobre o trabalho das e dos jornalistas. Com a proposta de taxá-las e criar, com essa arrecadação, um fundo de apoio à atividade jornalística, a FIJ e a FENAJ estão fazendo um enfrentamento direto às chamadas big techs”, comenta Maria José Braga.
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