Imagem do 39º Guarnicê |
Guarnicê é a palavra-chave da maior manifestação folclórica do Maranhão, o Bumba-meu-boi, e se refere a um momento de preparação, em que os brincantes se reúnem em torno da fogueira onde esquentam os seus tambores e pandeirões, cantando a toada que anuncia a chegada do Boi.
Por esse motivo, o mais antigo festival de cinema do Maranhão, geralmente realizado no início do mês de junho, recebe esse nome.
Neste clima de preparação para o São João, foi aberto oficialmente, na segunda-feira (6), a 39ª edição do Festival Guarnicê de Cinema com tema “Novos olhares, novas experiências”, no Teatro Arthur Azevedo, em São Luís. A programação, que segue até sábado (11), tem como homenageado o cineasta, Neville D’Almeida, que esteve presente durante a cerimônia de abertura.
O evento de abertura contou com a exibição do mais recente trabalho produzido pelo cineasta: “A frente fria que a chuva traz”. O filme conta a história de um grupo de jovens que organiza uma festa em uma favela. É inspirado na peça homônima de Mario Bortolotto.
Neville D’Almeida explica que a sua história no cinema se iniciou na infância quando viu um filme pela primeira vez e se apaixonou e, no ano de 1967, lançou o seu primeiro filme. Muitos de seus trabalhos foram censurados devido a Ditadura Militar, já que a época havia uma pressão muito grande em cima dos artistas que passaram a ter seus trabalhos limitados. O cineasta Neville disse que não aceitou a censura e nem a hipocrisia e que luta diariamente para continuar assim.
“Para mim o mais importante para um artista é a liberdade; não se pode deixar intimidar por regras principalmente as de uma ditadura. Me sinto emocionado em ser homenageado acredito que a vida é feita de momentos e este é um desses momentos que vão me marcar, não me sinto merecedor dessa homenagem já que existem muitos outros muito melhores do que eu” disse o Neville D’Almeida.
O cineasta agradeceu ao Maranhão e disse que o Guarnicê é um meio de divulgar a cultura maranhense já que existe uma mistura entre a tradição e o moderno. “Percebo o esforço de todos, principalmente da Universidade Federal do Maranhão e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, para divulgar o Maranhão em outros estados e países. Apesar do momento que o Brasil vive, ainda existem órgãos que lutam para manter o festival e a cultura vivos”, afirma o cineasta.
O Guarnicê é promovido pela Universidade Federal do Maranhão (Ufma), em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Sectur) como meio de incentivar a cultura e o turismo no Maranhão, fazendo com que todos os públicos tenham a oportunidade de conhecer a cinema e os trabalhos desenvolvidos a partir dele. O festival tem fundamental importância para a produção do audiovisual no estado do Maranhão e, também, auxilia na circulação de trabalhos de cineastas de todo o Brasil.
Para o diretor do Teatro Arthur Azevedo, Celso Brandão, o festival divulga os trabalhos de muitos artistas, além de incentivar o gosto pelo cinema. “Eu tenho orgulho em dizer que trabalhei durante 12 edições do Guarnicê realizando trabalho de produção, foi onde eu aprendi muito e aprendi um pouco sobre cinema. Nós da Sectur estamos empenhados para continuar promovendo e apoiando trabalhos como estes, queremos que os maranhenses passem a ter acesso a todo tipo e forma de cultura e queremos que os turistas tenham sempre uma atividade quando vierem nos visitar”, afirmou.
O presidente da Associação dos Produtores e Cineastas do Maranhão (Aprocima) e coordenador da Escola de Cinema do Maranhão, Marcos Ponts, presente na abertura, disse que o evento é importante no calendário de festivais do Brasil. “O Guarnicê proporciona a todos os públicos acesso a uma linguagem cinematográfica que, muitas vezes, é restrita a uma parcela muito pequena dá sociedade. O evento tenta trazer novos olhares e experiências para que se fomente o cinema no Maranhão”, afirmou o cineasta.
Presentes, também, na abertura, os artistas Juliane Araújo, atriz do filme exibido; Letícia Sabatella; Fernando Alves Pinto, ator de um dos filmes da mostra competitiva; e da cantora Cecília Leite, que realizou um show em homenagem ao músico maranhense Papete.
Festival Guarnicê
O Festival Guarnicê de Cinema, um dos mais antigos festivais de cinema e vídeo do Brasil, foi criado, em 1977, em São Luís, com o nome de Jornada Maranhense de Super 8. Apresenta um panorama da produção audiovisual brasileira, exibindo filmes de curta, média e longa-metragens, nos formatos 8 mm, 16mm e 35mm, em mostras informativas e competitivas. O festival acontece no mês de junho e, nesse período, são apresentadas grandes manifestações folclóricas.
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