Trabalhadores estão preocupados com o futuro da Empresa |
Audiência pública na Câmara debate desmonte do Banco do Brasil. Em outubro, proposta de “reestruturação” foi anunciada com incentivo a aposentadorias. Líder do PCdoB Daniel Almeida critica a medida.
Por Iberê Lopes, do PCdoB na Câmara
A reestruturação do Banco do Brasil, proposta pelo governo de Michel Temer, pretende fechar 402 agências até 2017 e reduzir o quadro de funcionários. O enxugamento, incentivado pela diretoria, resultará ainda na saída de 9.409 funcionários até dezembro deste ano.
Considerando o cenário de “desmonte da instituição”, a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP), debateu o tema nesta terça-feira (13). O líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Daniel Almeida (BA), propôs que o Parlamento ouvisse trabalhadores e representantes sindicais, além de dirigentes do banco.
“Não podemos permitir, passivamente, esse desmonte e a penalização dos funcionários. O que está ocorrendo com o Banco do Brasil pode ser repetido em outros bancos públicos e em outras estatais”, afirma Daniel Almeida.
Durante a audiência, José Caetano Minchillo, diretor de Gestão de Pessoas do Banco do Brasil, afirmou que a instituição financeira tem incentivado “a saída dos funcionários de uma forma atrativa e individual”. Quase 10 mil bancários já aderiram ao processo de aposentadoria voluntária, segundo o dirigente.
O programa da instituição segue o caminho de privatização, apontado pelo governo de Michel Temer, que ficou evidente desde o início do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff. Conforme Minchillo, o que há é uma “revisão” da rede de atendimento do banco.
A meta apresentada internamente, segundo os funcionários, é de uma redução que pode chegar a até 18 mil do atual quadro, que conta com 115 mil profissionais. A ideia do governo é tornar o Banco do Brasil “mais leve”, o que poderá significar uma extinção de atividades em cidades com baixo número de clientes. A expectativa é que 402 agências poderão ser fechadas.
De acordo com Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos de Souza, no entanto, a reestruturação não está sendo “tranquila” para os funcionários. “Nós estamos sofrendo um terrorismo psicológico. As informações sobre demissões não foram dadas em discussões com os funcionários, não chegaram aos sindicatos e entidades ou mesmo que fossem nas agências. Muito pelo contrário, soubemos do processo pela grande mídia”, critica.
O representante da Contraf acrescenta que o projeto do governo “apequena” o papel do banco de incentivador do desenvolvimento nacional neste momento de crise. “Estamos fechando agências no interior do país, onde a maioria da população não tem sequer acesso à internet, nem aos instrumentos tecnológicos suficientes para de fato operar em agências virtuais”, afirma Carlos de Souza.
O BB é a segunda maior instituição bancária na oferta de crédito imobiliário, com 8,63% de participação. O banco perde apenas para a Caixa Econômica Federal (CEF), que hoje ocupa o primeiro lugar, com uma fatia de 51,72% do mercado. A mudança de foco da instituição deve restringir este tipo de operação, afetando a carteira do Banco do Brasil na área, que hoje está em R$ 53 bilhões em empréstimos.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos, não é à toa que o presidente Temer deu declarações públicas para afirmar que “os trabalhadores da instituição eram supérfluos, e que alguns deles poderiam ser descartados. O ataque ao Banco do Brasil não é isolado. É um ataque à sua vocação pública, que elimina políticas sociais e de distribuição de renda”.
O Ministério Público do Trabalho realizará uma audiência na semana que vem com os representantes das partes. A intenção do MPT é mediar a relação dos sindicatos e confederações com o Banco do Brasil nesta “readequação”. Procuradora do Trabalho, Ana Cristina Ribeiro, destaca que esta é uma tentativa de “reduzir os prejuízos dos trabalhadores. Estamos com um processo de mediação em aberto”.
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