sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Temer exclui CTB, CUT, CNBB e UNE de nova reunião do Conselhão no dia 21

O governo ilegítimo de Michel Temer marcou para o próximo dia 21 a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, órgão criado em 2003 pelo presidente Lula e que funciona como um espaço aberto à sociedade para propostas e debate de políticas públicas de governo.
No entanto, Temer tomou antes a providência de renovar 70% dos participantes do conselho – coube à assessoria do Palácio do Planalto contatar todas as pessoas e entidades que se posicionaram contra o golpe e o governo de Temer para comunicar o seu desligamento.
Sindicalistas, artistas, escritores, religiosos e estudantes foram excluídos do órgão, entre eles lideranças de centrais sindicais, como CTB e CUT, da CNBB, do MST, do MTST, da FUP e da UNE, entre outros movimentos sociais. Na proposta original do Conselhão, o critério adotado pelo presidente para nomeação dos seus integrantes combinava representatividade social e política e capacidade de contribuir e repercutir os debates sobre temas fundamentais para o país. 
"Clube de amigos"
O presidente da CTB, Adilson Araújo, lembra que o Conselhão primava por uma visão bastante ampla, era uma expressão da diversidade social e buscava construir um diálogo e encontrar soluções para os problemas do país.
"No caso de Temer, ele não está disposto a ouvir o contraditório. Todos os excluídos têm sérias críticas a esta agenda ultraliberal que ele vem adotando", diz Araújo, que era um dos conselheiros. "Ele quer transformar o Conselhão em um clube de amigos".
Mesma opinião de Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT. "O sentido do Conselho é reunir um fórum com as diversas opiniões e visões. É errado chamar isto que ele montou de um conselho, é clube de amigos para jogar confetes nele. Não comporta crítica, nem divergências". O presidente da entidade, Vagner Freitas, não se surpreende: "Típico de governos autoritários que não passaram pelo voto". 
O secretário geral da CTB, Wagner Gomes, que participou de reuniões durante a gestão do governo Lula, afirma que a atitude descaracteriza o órgão, que sempre prezou a diversidade de opiniões. "Ele só convidou quem concorda com ele".
"Festa estranha com gente esquisita"
A presidenta da UNE, Carina Vitral, também foi desconvidada do Conselhão e lamentou a postura pouco democrática da gestão, mas observou em seu Twitter: "No meu lugar devem estar notáveis representantes da sociedade civil alinhados com o governo golpista. Kim Kataguiri, Janaína Paschoal e Alexandre Frota. Festa estranha com gente esquisita. Orgulho de ser barrada neste baile".
O Conselhão foi muito ativo nas gestões de Lula e um instrumento importante na elaboração e implementação de algumas importantes políticas públicas, como o que se assistiu na área de expansão de crédito, de enfrentamento à crise de 2008 e da nova lei para micro e pequenas empresas. 
O escritor Fernando Morais, que também foi informado de sua exclusão do Conselho, ironizou o fato nas redes sociais: “Acabo de receber um telefonema de uma senhora do Palácio do Planalto informando que meu nome foi excluído do Conselho Econômico e Social da Presidência da República, para o qual eu havia sido nomeado pela presidenta Dilma Rousseff. Será que essa gente imaginava que eu permaneceria no conselho de um governo espúrio e golpista como o do Temer?”.

Um comentário: